Tinta anti-Wi-Fi protege a privacidade e pode ser usada como bloqueadora de celulares.


Pesquisadores da Universidade de Tóquio criaram um tipo especial de tinta capaz de bloquear ondas eletromagnéticas de alta frequência, como sinais de celulares e redes de computadores sem fio. É uma boa novidade para usuários preocupados com segurança, que queiram bloquear o possível acesso de intrusos sem depender apenas de códigos e senhas.

A tinta é composta por óxido de alumínio e ferro, com poder de absorver sinais na faixa de frequências do Wi-Fi e celulares. Ao absorver as ondas de rádio, a tinta evita que os dados aerotransportados atravessem a parede, num fenômeno conhecido como blindagem. Na prática, as comunicações são bloqueadas.

Embora a tecnologia não seja nova, as tintas isoladoras de sinal de rádio existentes até então só serviam para frequências muito baixas, como a faixa de FM comercial ou TV VHF (canais 2 a 13). Esta é a primeira a absorver até 100 GHz, e a previsão é o desenvolvimento de tintas que absorvam até 200 GHz.

O site da BBC de Londres apresenta trechos da entrevista com Shin-ichi Ohkoshi, o líder deste projeto, para o programa World Service’s Digital Planet, no qual ele explica como a tinta pode ter utilidades além da segurança.

No âmbito da medicina, por exemplo, poderá ser possível transmitir grande volumes de dados de um dispositivo médico a outro, como de um endoscópio no interior do paciente a um computador de análise, evitando interferências. A tinta também teria utilidade para salas de cinema, já que garante absorção das frequências usadas nos celulares, bloqueando a recepção de sinais e evitando chamadas durante as sessões. Além disso, o bloqueio de interferências externas também seria útil no futuro, quando os filmes poderão ser distribuídos por microondas às salas de exibição a partir de um ponto central.

O pesquisador espera ainda transportar a tecnologia para roupas, criando peças que protejam principalmente crianças e mulheres grávidas da alta exposição às ondas eletromagnéticas, que ainda não têm seus efeitos sobre o corpo humano comprovados.

O desenvolvimento de tintas “tecnológicas” ganha cada vez mais espaço. Em abril deste ano foi lançada uma tinta condutora de energia para ser usada no corpo humano, sem que o usuário leve choques, criada por alunos do Royal College of Art, no Reino Unido.

O custo da tinta de blindagem está estimado em torno de 16 dólares o litro, mas não há previsão de sua chegada ao mercado.